A universidade deveria ser, por definição, um lugar de liberdade de pensamento, de expressão e de confronto de ideias. No entanto, ao longo dos anos, temos visto esse espaço ser dominado por algumas correntes de pensamento que tornam o debate mais unidimensional. Foi contra esse conformismo, contra essa falta de diversidade de ideias, que decidimos agir.
No dia 31 de março de 2025, fundámos oficialmente com a tomada de posse dos seusórgãos sociais, o Núcleo de Estudantes Liberais do ISCSP. Não foi uma decisão tomada de ânimo leve, e não é um projeto que tenha nascido de uma vontade de antagonizar o que quer que seja. Foi uma decisão de necessidade. Porque, sinceramente, a universidade precisa de um espaço onde se defenda a liberdade individual de forma clara e sem rodeios. E nós, como estudantes, sentimos que o liberalismo, com todos os seus princípios e valores, tem muito a contribuir para isso.
Enquanto presidente fundador, senti que tinha uma responsabilidade em criar algo mais do que um clube de debates. Queria criar um núcleo que fosse um ponto de encontro para quem acredita que o Estado não é a solução para todos os problemas, que o mérito deve ser recompensado, que a autonomia do indivíduo deve ser defendida em todas as esferas da sociedade. Em suma, queremos um espaço onde possamos falar de liberdade, mas de uma liberdade que implica responsabilidade, que exige um compromisso constante com a ideia de um Estado limitado e eficiente.
Não fundámos o Núcleo de Estudantes Liberais do ISCSP para “ser contra o sistema” aliás, nunca fomos fãs desse tipo de simplismo. Fundámo-lo porque achamos que a universidade, um lugar de formação crítica, deve ser também um espaço onde todos os pontos de vista possam ser expressos de forma aberta. Em vez de uma “liberdade” que é só um jargão repetido, queremos dar voz a um conceito que é muito mais profundo e estruturante: a liberdade como condição para o desenvolvimento pessoal, a responsabilidade como base para o sucesso e a autonomia como um valor central.
É claro que acreditar nessas ideias não é suficiente. É preciso agir. E por isso, temos já um plano de atividades bastante ambicioso. A nossa primeira grande ação será um evento sobre o 25 de Abril, com o objetivo de olhar para os 50 anos da Revolução de forma crítica, refletindo sobre a liberdade conquistada e o que realmente conseguimos preservar ou até perder ao longo destes anos. A segunda atividade será um debate sobre as eleições legislativas, que, mais do que um confronto político, será uma oportunidade de discutir ideias de forma plural, sem preconceitos ou tentações de fazer da política um espetáculo vazio.
Há ainda outras atividades a caminho. Estamos a preparar algo mais, que será anunciado em breve, mas a nossa mensagem é clara: o Núcleo de Estudantes Liberais do ISCSP não é só um clube de ideias, é um movimento ativo, com o objetivo de desafiar, questionar e propor. Porque, no fundo, sabemos que há muitos estudantes que, tal como nós, sentem a falta de um espaço para defender os princípios que consideram fundamentais para a nossa liberdade e o nosso futuro.
Eu, como presidente fundador, sou o primeiro a reconhecer os desafios. Mas também sou o primeiro a afirmar que estamos preparados. Porque não somos apenas um grupo de idealistas somos estudantes com um propósito claro: defender a liberdade, discutir sem medo de divergências, agir com base nos valores que acreditamos serem os pilares de uma sociedade justa e próspera.
Se há algo que este núcleo representa, é precisamente isso: uma reação contra a indiferença, contra a mediocridade das ideias que dominam o espaço académico. Estamos aqui para construir, para provocar reflexões e para dar a voz que o liberalismo precisa. E eu acredito que muitos mais estudantes irão juntar-se a nós nesta jornada. Porque a liberdade não se impõe sozinha. Ela precisa de ser vivida, defendida e, acima de tudo, afirmada.