A política autárquica é por definição a política da proximidade. Ao contrário dos deputados do Parlamento e dos governantes do Estado central, que os portugueses conhecem essencialmente da televisão, os autarcas sabemos quem são, onde tomam café e que ruas frequentam. São abordados pelos eleitores, não tanto para tirarem fotografias, mas mais para ouvirem queixas e exigências. É a política de pessoas para pessoas, sem intermediário.
Em Lisboa, pela dimensão e pela centralidade, não será exatamente assim no que à Câmara e à Assembleia Municipal diz respeito, mas é-o nas freguesias. Esta excecionalidade portuguesa, que não corresponde ao modelo que muitos liberais defendem por ser tendencialmente pouco eficiente na gestão de recursos, tem ainda assim esta virtude do contacto pessoal entre eleitores e eleitos.
E é por isso que o momento de campanha em que vamos entrar, em que os candidatos às juntas apresentam as suas propostas locais, com muito mais pragmatismo do que ideologia, é por excelência uma ação de rua. Salvo raras exceções mais mediáticas ou mais polémicas, a comunicação social não participa. São os candidatos que devem percorrer as freguesias. Que devem visitar as coletividades e os comerciantes. Que devem falar com cada freguês com quem se cruzam. O debate faz-se na rua e não se podem esperar facilitismos. Muitos estão fartos de políticos em campanha, de promessas rasgadas no dia seguinte às eleições e dos discursos redondos dos atores do costume.
É um enorme desafio, mas é também uma extraordinária oportunidade, que salvo raras exceções só surge a cada quatro anos. A oportunidade de irmos para a rua ouvir os nossos vizinhos, as suas frustrações e também as suas aspirações, muitas das quais certamente partilhamos. E de renovarmos a sua esperança de que é possível fazer diferente e fazer melhor. Mais do que liberalismo puro e duro, esperam de nós boa gestão dos recursos, que prestemos o melhor serviço possível com aquilo de que dispomos. E desta vez contamos vir a estar representados em todas as freguesias e em grande parte dos seus executivos. Não podemos falhar.
Pretendemos reorganizar as juntas de freguesia, rever as suas competências, torná-las estruturas mais ágeis, eficazes, modernas e transparentes. Mas para que isso aconteça precisamos de lá estar. Para que esta ambição se concretize, a campanha começa hoje, em cada bairro, em cada rua. Este é o momento por excelência em que todos os liberais lisboetas são chamados a participar. Trabalhámos durante quatro anos para aqui chegar e estamos prontos. A cidade de Lisboa merece o nosso esforço e não tencionamos desiludir. Vamos!